27.10.05

Pessoas

A diferença

Há dias que custam mais que outros. Quando chegamos ao fim de um dia e tentamos fazer uma análise construtiva de tudo o que nos aconteceu... por vezes sentimo-nos defraudados com esse dia. Pelo mau tempo ou bom tempo, por tudo o que fizemos ou não fizemos, por onde fomos ou não fomos ou pelas pessoas que se cruzaram no nosso caminho.

E às vezes esperamos que os outros façam aquilo que nós faríamos na mesma situação ou que adivinhem o que estamos a pensar que gostaríamos que eles fizessem. Criamos expectactivas. Criamos ilusões... Mas as pessoas são diferentes... às vezes para melhor outras para pior... ou simplesmente diferentes. E é isso que faz girar o mundo.

24.10.05

liberdade

Até onde chega a nossa liberdade? Até onde somos realmente donos de nós, inclusivé da nossa própria vida? Poderemos realmente decidir se queremos viver ou não? E decidir se alguém deve viver ou não? Liberdade de escolha! Mas será que existe? Todas as nossas escolhas acabam condicionadas por factos, acontecimentos ou sentimentos. Até que ponto sabemos realmente o que é viver? E nos sentimos donos da nossa vida. "Se alguém se tenta matar e sobrevive não é acusado mas se alguém que não consegue suicidar-se sozinho pede ajuda é crime" Onde está a moral de tudo isto? Ou melhor, a verdadeira razão. Poderemos nós decidir o que faria outra pessoa? Poderemos nós sentir o que sente quem deseja morrer? Compreender, sequer?

20.10.05

Luz

Talvez que noutro mundo, noutro livro,
tu não tenhas morrido
e talvez nesse livro não escrito
nem tu nem eu tenhamos existido

e tenham sido outros dois aqueles
que a morte separou e um deles
escreva agora isto como se
acordasse de um sonho que

um outro sonhasse (talvez eu),
a talvez então tu, eu, esta impressão
de estranhidão, de que tudo perdeu
de súbito existência e dimensão,

e peso, e se ausentou,
seja um sonho suspenso que sonhou
alguém que despertou e paira agora
como uma luz algures do lado de fora.


Manuel António Pina

O Recreio

Na minha Alma há um balouço
Que está sempre a balouçar ---
Balouço à beira dum poço,
Bem difícil de montar...

E um menino de bibe
Sobre ele sempre a brincar...

Se a corda se parte um dia
(E já vai estando esgarçada),
Era uma vez a folia:
Morre a criança afogada...

Cá por mim não mudo a corda,
Seria grande estopada...

Se o indez morre, deixá-lo...
Mais vale morrer de bibe
Que de casaca... Deixá-lo
Balouçar-se enquanto vive...

Mudar a corda era fácil...
Tal ideia nunca tive...

Mário de Sá-Carneiro

Individualidade

Hoje sei que dependo de mim. Que sou eu que decido. Direita ou esquerda? Preto ou branco? Que preciso gostar de mim. Nem sempre soube isso. Nem sempre me disseram isso. Nem sempre me senti assim. A minha opinião é importante. O mundo gira. E eu giro com ele. Não podemos ter medo do que não sabemos. Do que não conhecemos. Percorrer o caminho que se cruza à nossa frente. Não podemos viver em função dos outros, do gosto dos outros, da opinião dos outros. Não podemos esperar sempre por alguém. Mas esperar por nós.

19.10.05

Se todos gostassemos do amarelo, o que seria do azul?

Hoje foi um dia estranho. Muitas ondas negativas no ar à minha volta. Chegou o inverno. A chuva. O frio. Sinto-me bem. Nem sempre se consegue explicar porque estamos bem. Mas em vez de pensar que chegou a noite escura penso só que a lua vem brilhar mais cedo. Chegou o frio. E com ele, o cheiro da lareira, das castanhas, o chocolate quente na praia deserta ao luar, o som da chuva que bate no vidro, o cheiro a terra molhada... Gosto do frio quando é aquecido. Mas não podemos gostar todos do mesmo... ou será que podemos?

Jack & Sally

Porque sim.

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

Ricardo Reis

14.10.05

É o pais real!

Há coisas que não se compreendem... cheguei à triste conclusão que neste país todos devem alguma coisa a alguém. Dinheiro, amizade, lealdade, justiça, piedade, tranquilidade, qualquer coisa... ninguém respeita ninguém. Achamos que sabemos quem está ao nosso lado mas na primeira oportunidade seremos desiludidos. Porque esperamos sempre mais, porque queremos sempre mais. Ou mesmo porque achamos que merecemos mais. Mas não. Qualquer pessoa pode dar discursos de moral e bons costumes. Acha que está acima dos outros, que sabe mais e que pode mais. Estamos em crise. Crise de valores, diria eu. De príncipios. Uma sociedade orfã de pai e de mãe. Sem rumo. Porque somos atropelados a cada passo que damos. Porque se perdeu o respeito por tudo o que merece respeito. Porque só nos revelamos em momentos de crise. E a nossa sociedade está em crise. Acho que poderíamos mesmo dizer que estamos no período da depressão. Todos estamos deprimidos, seja porque não temos tempo, porque não temos dinheiro, porque não temos o que queremos e o que achamos que precisamos. Nunca estamos felizes. Não sabemos dar valor ao que realmente temos. Viver o hoje e não o ontem ou o amanhã. E aprender que "a felicidade é uma viagem e não um destino".

A negatividade

Porque somos sempre tão negativos em tudo o que sentimos? Como é que se gera a negatividade? É simples. Tornamo-nos infelizes quando achamos que alguém se comporta de um modo que não gostamos ou que algo acontece que não gostamos. Mas nem sempre acontece tudo o que desejamos ou que não desejamos e muito menos da forma como o desejaríamos. E logo criamos a nossa tensão interior. Uma estrutura física e mental cheia de negatividade. E estamos infelizes.
E esquecemo-nos que vivemos em sociedade e temos que lidar com os outros e quando experimentamos sentimentos de agitação, irritação, desarmonia ou sofrimento não mantemos esses sentimentos só para nós. Transmitimo-los a quem nos rodeia. E no fim todos ficamos irritados.
Mas todos procuramos o que faz falta nas nossas vidas, paz e harmonia.
É necessário enfrentar o problema. Sempre que um pensamento negativo surgir na na nossa mente, "observamo-lo" e "enfrentamo-lo" e assim que temos consciência do que ele nos provoca, o mesmo começará a perder a sua força. Simplesmente deixamos de lhe dar importância. Relevamos. Passamos à frente. E Lentamente ele desaparece e é neutralizado. É apenas uma questão de treino... E se calhar todos seríamos mais felizes!

8.10.05

Ha dias assim...

...em que queremos explicar o que sentimos e não conseguimos. Em que sabemos coisas que preferíamos não saber. Em que nos sentimos desiludidos porque o mundo é assim mesmo e não de outra forma. Porque as pessoas têm formas de ser diferentes. Porque acreditamos no que queremos acreditar porque nos faz sentir bem e não porque devíamos mesmo acreditar. Porque sentimos o que não queremos por quem não queremos no momento errado. Em que tudo gira à nossa volta e continua a girar aconteça o que acontecer. Porque somos diferentes mas acreditamos que somos iguais. Porque o relacionamento humano não, nunca foi nem nunca será fácil... Porque cda vez mais só pensamos na felicidade pessoal. Porque não nos comprometemos com nada. Porque não acreditamos em nada. Com convicção. Porque não é importante o que os outros sentem mas o que eu sinto. Porque não nos ouvimos uns aos outros e também não queremos ouvir. Porque somos assim e não de outra forma. Cada vez menos se acredita nas pessoas. Como pessoa. Com valores e princípios. Com direitos e deveres. E a palavra confiança tem cada vez menos peso nas nossas vidas. Andamos aqui. Estamos aqui.